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domingo, 16 de dezembro de 2012

Leilão...


- Quanto dão? Quanto dão?

- Quem dá mais?, grita mais o leiloeiro.

- Esta bengala de castão de ouro!

(Onde anda sem levá-la o dono antigo?)

- Esta arca colonial!

(Falam dedicatórias de retratos,

falam cartas de amor, a voz trancada.)

- Esta mobília de jacarandá!

(As visitas na sala, o pai, a mãe,

a irmã, a avó cochila no sofá.)

- Este faqueiro de prata!

(Cruzados os talheres, as mãos cruzadas.)

- Esta cômoda do século XIX!

(Soluçam as gavetas; dentro delas,

cheiro de roupa branca e de alecrim.)

- Esta louça azul de Macau!

(A fumaça (da sopa?) na terrina.

Na borda (asa quebrada) desta xícara

os vestígios dos lábios da menina.)

Quem tira as rosas que a moça bota

nos jarros de opaline do consolo?

E a moça presa dentro deste espelho

do toucador do quarto de dormir?

- Quem dá mais? grita mais o leiloeiro.

Bate o martelo, bate aqui, dói longe.”..
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Mauro Mota...

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