As tuas lágrimas respiram e florescem, o lugar onde te sentas
é o rio que corre em sobressalto por dentro de uma árvore,
seiva renovada que transporta palavras até às folhas felizes
de um amor demorado e ainda puro. E essa ávore fala através
das tuas palavras, demora-se em conversas com as abelhas,
com os gaios, com o vento.
As tuas lágrimas iluminam as páginas alucinadas dos livros de
poesia, e as mesas claras tão cheias de frutos que se assemelham
a fogueiras ruivas, alimento privilegiado de um imenso e intenso
dragão que me aquece o sangue.
As tuas lágrimas transbordam os grandes lagos dos meus olhos
e eu choro contigo os grandes peixes da ternura, esses mesmos
peixes que são os arquitectos perturbados de uma relação sem
tempo mas alimentada por primaveras que de tão altas são inquestionáveis.
As tuas lágrimas fertilizam as searas celestes, arrefecem o movimento
dos vulcões, absorvem toda a beleza do arco-íris, embebedam-se com
a doçura das estrelas. E são oferendas à mãe terra, o reconhecimento
final do princípio do nosso pequeno mundo.
As tuas lágrimas são minhas amigas. São as minhas lágrimas.
A forma de chorar-te cheio de alegria, ferido por esta felicidade
de amar-te muito, de amar-te sempre, de apascentar nas horas
mais desoladas, o meu rebanho florido de azáleas brancas e vermelhas...
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Joaquim Pessoa...

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