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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Infância...

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.


Minha mãe ficava sentada cosendo.

Meu irmão pequeno dormia

Eu sozinho, menino entre mangueiras

lia história de Robinson Crusoé,

comprida história que não acaba mais.



No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu

a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu

chamava para o café.

café preto que nem a preta velha

café gostoso

café bom



Minha mãe ficava sentada cosendo

olhando para mim:

- Psiu... não corde o menino.

Para o berço onde pousou um mosquito

E dava um suspiro... que fundo !



Lá longe meu pai campeava

no mato sem fim da fazenda.



E eu não sabia que minha história

era mais bonita que a de Robinson Crusoé.



Carlos Drummond de Andrade!

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