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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Soneto...



Ouvi, senhora, 
o cântico sentido 
Do coração que geme e s´estertora 
N´ânsia letal que mata e que o devora 
E que tornou-o assim, triste e descrido. 

 Ouvi, senhora, amei; de amor ferido, 
As minhas crenças que alentei outrora 
Rolam dispersas, pálidas agora, 
Desfeitas todas num guaiar dorido. 
E como a luz do sol vai-se apagando! 

E eu triste, triste pela vida afora, 
Eterno pegureiro caminhando, 
 Revolvo as cinzas de passadas eras, 
 Sombrio e mudo e glacial, senhora, 
 Como um coveiro a sepultar quimeras!


Augusto dos Anjos

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