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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Filme...Estrada da vida...Milionário e José Rico...Filme completo...

Confissão...


Se não a vejo e o espírito a afigura,

Cresce este meu desejo de hora em hora...

Cuido dizer-lhe o amor que me tortura,

O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.


Cuido contar-lhe o mal, pedir-lhe a cura...

Abrir-lhe o incerto coração que chora,

Mostrar-lhe o fundo intacto de ternura,

Agora, embevecida e mansa agora...


E é num arroubo em que a alma desfalece

De sonhá-la prendada e casta e clara,

Que eu, em minha miséria, absorto a aguardo...


Mas ela chega, e toda me parece

Tão acima de mim...tão linda e rara...

Que hesito, balbucio e me acobardo...
.
.
.
Manuel Bandeira...

Semântica...


Não se enganem comigo

se digo sul pode ser norte,

chego mais fico ausente.

o triste é também o belo,

procuro o que não se perde

nem se pode encontrar.


Buscar respostas nos livros

é esconder-se entre linhas.

Não creio que se enxerga,

mas nisso que se desfarça

por mais que se tente olhar:

assim me tem seduzida.


Eis o jogo que eu persigo,

meu jeito de ser feliz,

o desafio que me embala:

sempre que escrevo "morte"

estou falando de vida...
.
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Lya Luft...

Mais ou menos em ponto...


Condenado a ser exato,

quem dera poder ser vago,

fogo fátuo sobre um lago,

ludibriando igualmente

quem voa, quem nada, quem mente,

mosquito, sapo, serpente.


Condenado a ser exato,

por um tempo escasso,

um tempo sem tempo

como se fosse o espaço,

exato me surpreendo,

losango, metro, compasso,

o que não quero, querendo...
.
.
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Paulo Leminski...

Filme...Poder Alem da Vida...dublado...

31/10 - Superando a Tentação...


Quando, devido aos nossos pensamentos errados,

caímos no abismo do erro, devemos rezar:

"Pai, não nos abandones aqui, mas ergue-nos

através da força da nossa razão e da nossa vontade.

E quando estivermos fora, se for a Tua vontade continuar

a nos testar, faze-Te primeiro conhecido a nós, para que

possamos entender que Tu és muito mais tentador que a tentação"...
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Paramahansa Yogananda, "A Eterna Busca do Homem"...

Bom Dia...

Boa Noite...Fiquem com Deus...Beijos...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Trapo...


O dia deu em chuvoso.

A manhã, contudo, esteve bastante azul.

O dia deu em chuvoso.

Desde manhã eu estava um pouco triste.


Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma?

Não sei: já ao acordar estava triste.

O dia deu em chuvoso.

Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.

Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.

Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.

Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?

Dêem-me o céu azul e o sol visível.

Névoas, chuvas, escuros - isso tenho eu em mim.


Hoje quero só sossego.

Até amaria o lar, desde que o não tivesse.

Chego a ter sono de vontade de ter sossego.

Não exageremos!

Tenho efetivamente sono, sem explicação.

O dia deu em chuvoso.


Carinhos? Afetos? São memórias...

É preciso ser-se criança para os ter...

Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!

O dia deu em chuvoso.


Boca bonita da filha do caseiro,

Polpa de fruta de um coração por comer...

Quando foi isso? Não sei...

No azul da manhã...


O dia deu em chuvoso...
.
.
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Álvaro de Campos, um dos heterônimos de
Fernando Pessoa...

Miudezas...


Percorro todas as tardes um quarteirão de paredes

nuas.

Nuas e sujas de idade e ventos.

Vejo muitos rascunhos de pernas de grilos pregados

nas pedras.

As pedras, entrentanto, são mais favoráveias a pernas

de moscas do que de grilos.

Pequenos caracóis deixaram suas casas pregadas

nestas pedras.

E as suas lesmas saíram por aí à procura de outras

paredes.

Asas misgalhadinhas de borboletas tingem de azul

estas pedras.

Uma espécie de gosto por tais miudezas me paralisa.

Caminho todas as tardes por este quarteirões

desertos, é certo.

Mas nunca tenho certeza

Se estou percorrendo o quarteirão deserto

Ou algum deserto em mim...
.
.
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Manoel de Barros...

Serradura...


A minha vida sentou-se

E não há quem a levante,

Que desde o Poente ao Levante

A minha vida fartou-se.


E ei-la, a mona, lá está,

Estendida, a perna traçada,

No indindável sofá

Da minha Alma estofada.


Pois é assim: a minh'Alma

Outrora a sonhar de Rússias,

Espapaçou-se de calma,

E hoje sonha só pelúcias.


Vai aos Cafés, pede um bock,

Lê o "Matin" de castigo,

E não há nenhum remoque

Que a regresse ao Oiro antigo:


Dentro de mim é um fardo

Que não pesa, mas que maça:

O zumbido dum moscardo,

Ou comichão que não passa.


Folhetim da "Capital"

Pelo nosso Júlio Dantas —

Ou qualquer coisa entre tantas

Duma antipatia igual…


O raio já bebe vinho,

Coisa que nunca fazia,

E fuma o seu cigarrinho

Em plena burocracia!…


Qualquer dia, pela certa,

Quando eu mal me precate,

É capaz dum disparate,

Se encontra a porta aberta…


Isto assim não pode ser…

Mas como achar um remédio?

— Pra acabar este intermédio

Lembrei-me de endoidecer:


O que era fácil — partindo

Os móveis do meu hotel,

Ou para a rua saindo

De barrete de papel


A gritar "Viva a Alemanha"…

Mas a minh' Alma, em verdade,

Não merece tal façanha,

Tal prova de lealdade…


Vou deixá-la — decidido —

No lavabo dum Café,

Como um anel esquecido.

É um fim mais raffiné...
.
.
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Mário de Sá-Carneiro...

Por você por mim...



A noite, a noite, que se passa? diz

que se passa, esta serpente vasta em convulsão, esta

pantera lilás, de carne

lilás, a noite, esta usina

no ventre da floresta, no vale,

sob os lençóis de lama e acetileno, a aurora,

o relógio da aurora, batendo, batendo,

quebrado entre cabelos, entre músculos mortos, na podridão

a boca destroçada já não diz a esperança,

batendo

Ah, como é difícil amanhecer em Thua Thien.

Mas amanhece.


Que se passa em Huê? em Da Nang? No Delta

do Mekong? Te pergunto,

nesta manhã de abril no Rio de Janeiro,

te pergunto,

que se passa no Vietnam?


As águas explodem como granadas, os arrozais

se queimam em fósforo e sangue

entre fuzis

as crianças

fogem dos jardins onde açucenas pulsam

como bombas-relógio, os jasmineiros

soltam gases, a máquina

da primavera

danificada

não consegue sorrir.


Há mortos demais no regaço de Mac Hoa.

Há mortos demais

nos campos de arroz, sob os pinheiros,

às margens dos caminhos que conduzem a Camau.


O Vietnam agora é uma vasta oficina da morte, nos campos

da morte, o motor

da vida gira ao contrário, não

para sustentar a cor da íris,

a tessitura da carne, gira

ao contrário, a desfazer a vida, o maravilhoso aparelho

do corpo, gira

ao contrário das constelações, a vida

ao contrário, dentro

de blusas, de calças, dentro

de rudes sapatos feitos de pano e palha, gira

ao contrário a vida feita de morte.

Surdo

sistema de álcool, gira

gira, apaga rostos, mãos,

esta mão jovem

que saiba ajudar o arroz, tecer a palha. Há mortos

demais, há mortes

demais, coisas da infância, a hortelã, os sustos

do amor, aquela tarde aquela tarde clara, amada,

aquela tarde clara tudo

tudo se dissolve nas águas marrons

e entre nenúfares e limos

a correnteza arrasta para o mar o mar o mar azul


É dia feito em Botafogo.

Homens de pasta, paletó, camisa limpa,

dirigem-se para o trabalho.

Mulheres voltam da feira, as bolsas cheias de legumes.

Crianças passam para o colégio.

As nuvens nuvem

e as águas batem naturalmente em toda a orla marítima.

Nenhuma ameaça pesa sobre a cidade.

As pessoas

marcaram encontros, irão ao cinema, à buate, se amarão

nas praias

na cama

nos carros. As pessoas

acertam negócios, marcam viagens, férias.

Nenhuma ameaça

pesa sobre a cidade.

Os barulhos apitos sem alarma. O avião no céu

vai para São Paulo.

O avião no céu não é um Thunderchief da USAF

que chega trazendo a morte

como em Hanói.

Não é um Thunderchief da USAF que chega

seguido de outros

e outros

da USAF

carregados de bombas e foguetes

como em Hanói

que chega lançando bombas e foguetes

como em Hanói

como em Haiphong

incendiando o porto

destruindo as centrais elétricas

as estradas de ferro

como em Hanói

como em Hoa Bac

queimando crianças com napalm

como em Hanói

como em Chien Tien

como em Don Hoi

como em Tai Minh

como em Vihn Than

como em Hanói

Como pode uma cidade, como pode

uma cidade

resistir


Os americanos estão agora investindo muito no Vietnam

O Vietnam agora nada em ouro

e fogo

Bases aéreas

Arsenais

Depósitos de combustíveis

Laboratórios na rocha

Radar

Foguetes

A ciência eletrônica invade a selva

gases novos, armas novas

O lazy-dog

lança em todas as direções mil flechas de aço

o bull-pup

procura o alvo com seus 200 quilos de explosivos

o olho-de-serpente

pousa sobre uma casa e espera a hora certa de matar

O Vietnam agora está cheio de arame farpado

de homens louros

farpados

armados

vigiados

cercados

assustados

está cheio de jovens homens louros

e cadáveres jovens

de homens louros

enganados


Próximo à base de Da Nang

que tudo escuta e tudo vê,

próximo à base de Da Nang, esgueira-se

entre árvores um homem,

próximo à base cheia de soldados,

metralhadoras, bombas,

aviões, cheia

de ouvidos e de olhos

eletrônicos, um homem, chamado Tram,

entre as folhas e os troncos que cheiram a noite,

cauteloso se move

entre as folhas da noite, Tram Van Dam,

cauteloso se move

entre as flores da morte

Tram Van Dam

quinze anos se move

entre as águas da noite

dentro da lama

onde bate a aurora

Tram Van Dam

onde bate a aurora

Tram Van Dam

com a sua granada

entre cercas de arame

entre as minas no chão

Tram Van Dam

com seu coração

Tram Van Dam

onde bate a aurora

por você por mim

sob o fogo inimigo

com o grampo no dente

com o braço no ar

por você por mim

Tram Van Dam

onde bate a aurora

por você por mim

no Vietnam...
.
.
.
Ferreira Gullar...

Regra de Ouro...

O homem sempre é mais forte...


O vento faz seu caminho

onde o sol desemboca o mar,

onde a terra tarja o vinho,

onde a noite é seu lagar.


O vento faz seu caminho

onde os mortos vão deitar

e a noite move moinho,

move outra noite no mar.


O vento faz seu caminho

e os pássaros vão pousar

na floração dos moinhos

que amadurecem o mar.


O vento faz seu caminho

onde há sede de plantar,

onde a semente é destino

que um sulco não pode dar.


II


O homem sempre é mais forte

se a outro homem se aliar;

o arado faz caminho

no seu tempo de cavar.


No mesmo mar que nos leva,

o vento nos quer buscar;

o que é da terra é do homem,

onde o arado vai brotar.


Por mais que a morte desfaça,

há um homem sempre a lutar;

o vento faz seu caminho

por dentro, no seu pomar...
.
.
.
Carlos Nejar...

Video...Receba as flores que lhe dou...Nilton Cesar...

Reportagem...


O trem estacou, na manhã fria,

num lugar deserto, sem casa de estação:

a parada do Leprosário...


Um homem saltou, sem despedidas,

deixou o baú à beira da linha,

e foi andando. Ninguém lhe acenou...


Todos os passageiros olharam ao redor,

com medo de que o homem que saltara

tivesse viajado ao lado deles...


Gravado no dorso do bauzinho humilde,

não havia nome ou etiqueta de hotel:

só uma estampa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro...


O trem se pôs logo em marcha apressada,

e no apito rouco da locomotiva

gritava o impudor de uma nota de alívio...


Eu quis chamar o homem, para lhe dar um sorriso,

mas ele ia já longe, sem se voltar nunca,

como quem não tem frente, como quem só tem costas...
.
.
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Guimarães Rosa...

Video...Richard Clayderman 2012... The finest tunes...

30/10 - Superando a Tentação...


O antigo método ortodoxo é negar

a tentação, suprimi-la.

Mas você deve aprender a dominá-la.

Não é pecado ser tentado.

Mesmo que você esteja transbordando na tentação,

você não é mau; mas se você ceder à tentação, você

estará temporariamente preso nos poderes do mal.

Você deve erguer em sua volta uma proteção de sabedoria.

Não existe força maior para resistir à tentação do que a sabedoria.

O completo entendimento colocará você numa posição em que nada

poderá tentá-lo para aquelas situações que prometem prazer, mas que,

no final, trazem apenas mágoa...
.
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Paramahansa Yogananda...

Bom Dia...


Boa Noite...Recebi ontem da minha amiga Joana de Gravataí, achei lindo....Ah, ela é uma flor linda como essa aí....Beijos...

O poeta...


Olhos que recolhem

Só tristeza e adeus

Para que outros olhem

Com amor os seus.


Mãos que só despejam

Silêncios e dúvidas

Para que outras sejam

Das suas, viúvas.


Lábios que desdenham

Coisas imortais

Para que outros tenham

Seu beijo demais.


Palavras que dizem

Sempre um juramento

Para que precisem

Dele, eternamente...
.
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Vinicius de Moraes...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Video...Tire 2 minutos do seu dia para ver esse vídeo...Simple enough!

Video...As Escolhas de Uma Vida...Pedro Bial...

Filme...O Menino da Porteira...

Miss...A mais linda que já ví...rsrsrsrsr...

Apesar da tua presença...


Na boca o beijo marcado,


lábios ainda molhados por tua saliva ácida.

No coração, feridas abertas


Sinto-me só apesar da tua presença.

Talvez seja o teu egoísmo...

Ou será indiferença?

Sentimentos parecidos, facilmente confundidos.

Prefiro pensar no egoísmo,

pois a indiferença é tão triste...


O corpo marcado,

Alma nua e desprotegida

Sinto-me só apesar da tua presença.

Faz frio... Choro, te espero...

Sofro a angústia da demora.


Penso em desistir, mas com apenas um olhar

Você me bagunça e tumultua tudo em mim

e acaba conseguindo o que veio buscar.

Esboço um sorriso, oh triste sorriso...

Disfarço bem , me entrego e esqueço as coisas

que não gosto em você.


Sinto-me só apesar da tua presença.

O teu abraço queima minha pele.

As cicatrizes latejam...

E novas marcas são deixadas quando você se vai.

A solidão, minha companheira, jamais me abandona,

E ela não me deixa esquecer do quanto me

sinto só, apesar da tua presença...
.
.
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Nina Linhares...

29/10 - Superando a Tentação...


Lembre-se que, como um filho de Deus,

você está dotado de uma grande força,

maior do que aquela que precisará para

superar todas as provas que Deus lhe enviar...
.
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Paramahansa Yogananda, "A Eterna Busca do Homem"...

Bom Dia...Tá começando o calor de novo...rsrsrrsrs...

Boa Noite...Beijos...Fiquem com Deus...

Jovens Demais...


Fecho os olhos,


Velhas recordações teimam em invadir a mente.

Momentos que jamais voltarão, mas são como velhas fotografias amareladas.

Elas estão se apagando, desaparecendo com o tempo.

Mas sou jovem demais para me preocupar.


A Vida é tão curta, e tudo escorrega por entre os dedos.

Como areia, tento agarrar as memórias...

Prendê-las num lugar onde estarão seguras.


Será que você estará ao meu lado amanhã?

Será que viveremos juntos para sempre?

Ou nos perderemos pelos caminhos do destino?

Somos jovens demais para nos preocupar.


Do fundo do meu coração, eu não quero te perder.

Ao teu lado existe algo que me acalma, e nos teus braços adormeço e sonho.

E bebo das tuas lágrimas quentes, e beijo tua boca,

E como num cálice sagrado, bebo tua alma.

Não chore meu amor, pois somos jovens demais para nos preocupar.


Existe um preço a pagar por tudo o que fazemos.

E a solidão pode não ser tão ruim, e esse negócio de saudade não foi feito pra mim.

Sou jovem demais para me preocupar.

E nós estamos aqui, neste quarto cheio de braços, pernas, bocas, cheiros e medos.

Cheio de ternura e luxúria, numa linha tênue entre santidade e o pecado.

Aqui estamos seguros.

O amanhã está tão longe, e ainda temos estrelas para contar.


Será que você estará ao meu lado amanhã?

Será que viveremos juntos para sempre?

Ou nos perderemos pelos caminhos do destino?

Somos jovens demais para nos preocupar.


Não chore meu amor...

Mesmo distantes, não deixaremos a memória apagar...
.
.
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Nina Linhares...

domingo, 28 de outubro de 2012

Meu desejo...


Nas palmas de tuas mãos

leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,

interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes -

íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos,

passavas com o fardo da vida...

Corri ao teu encontro.

Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado

com a pedra branca

da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos

juntos pela vida...
.
.
.
Cora Coralina...

Retrato de uma princesa desconhecida...


Para que ela tivesse um pescoço tão fino

Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule

Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos

Para que a sua espinha fosse tão direita

E ela usasse a cabeça tão erguida

Com uma tão simples claridade sobre a testa

Foram necessárias sucessivas gerações de escravos

De corpo dobrado e grossas mãos pacientes

Servindo sucessivas gerações de príncipes

Ainda um pouco toscos e grosseiros

Ávidos cruéis e fraudulentos


Foi um intenso desperdiçar de gente

Para que ela fosse aquela perfeição

Solitária exilada sem destino..
.
.
.
Sophia de Mello Breyner...

Desapego...


A vida vai depressa e devagar.

Mas a todo momento

penso que posso acabar.


Porque o bem da vida seria ter

mesmo no sofrimento

gosto de prazer.


Já não tenho vontade de falar

senão com árvores, vento,

estrelas, e águas do mar.


E isso pela certeza de saber

que nem ouvem meu lamento

nem me podem responder...
.
.
.
Cecília Meireles...

Filosofia...


Mas que queremos da vida? É a vida? O

que se procura em cada segundo para se perder

em cada segundo? O tempo, assim, de nada

nos serve. Um dia, dando por nós próprios,

perguntamo-nos o que fizemos, por onde

andámos, que cidades e casas percorremos,

sem que nenhuma resposta nos satisfaça. A

vida, então, limita-se a ser o que fez

de nós, sem que o tenhamos desejado, e

nada pode ser feito para voltar atrás, nem

para restituir os passos trocados de

direcção, as frases evitadas no último

extremo, o olhar que se desviou quando

não devia. Ah, sim - e o amor? É isso

que queremos da vida? É verdade: cada um

dos abraços que se deram, contando cada

instante; o rosto lembrado no auge

do prazer, quando um súbito sol desponta

dos seus lábios; os cabelos presos

nas mãos, como se elas prendessem o feixe

da eternidade... Assim, a vida poderá

ter valido a pena. É o que fica: o que

nos foi dado e o que damos, sem que nada

nos obrigasse a dar ou a receber, o puro

gesto do acaso na mais absoluta das

obrigações. Então, volto a perguntar: que

outra coisa queremos da vida?...
.
.
.
Nuno Júdice...

Poema de Natal ...


Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados,

Para chorar e fazer chorar,

Para enterrar os nossos mortos -

Por isso temos braços longos para os adeuses,

Mãos para colher o que foi dado,

Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida;

Uma tarde sempre a esquecer,

Uma estrela a se apagar na treva,

Um caminho entre dois túmulos -

Por isso precisamos velar,

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:

Uma canção sobre um berço,

Um verso, talvez, de amor,

Uma prece por quem se vai -

Mas que essa hora não esqueça

E que por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre,

Para a participação da poesia,

Para ver a face da morte -

De repente, nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte apenas

Nascemos, imensamente...
.
.
.
Vinícius de Moraes...

Contagem regressiva...


Acreditei que se amasse de novo

esqueceria outros

pelo menos três a quatro rostos que amei

Num delírio de arquivística

organizei a memória em alfabetos

como quem conta carneiros e amansa

no entanto flanco aberto não esqueço

e amo em ti os outros rostos...
.
.
.
Ana Cristina César...

Tempo...


A mim que desde a infância venho vindo,

como se o meu destino,

fosse o exato destino de uma estrela,

apelam incríveis coisas:

pintar as unhas, descobrir a nuca,

piscar os olhos, beber.

Tomo o nome de Deus num vão.

Descobri que a seu tempo

vão me chorar e esquecer.

Vinte anos mais vinte é o que tenho,

mulher ocidental que se fosse homem,

amaria chamar-se Fliud Jonathan.

Neste exato momento do dia vinte de julho,

de mil novecentos e setenta e seis,

o céu é bruma, está frio, estou feia,

acabo de receber um beijo pelo correio.

Quarenta anos: não quero faca nem queijo.

Quero a fome...
.
.
.
Adélia Prado...

Ilusão...


Dizes que sou feliz. Não mentes. Dizes

Tudo que sentes. A infelicidade

Parece às vezes com a felicidade

E os infelizes voltam a ser felizes!


Assim, em Tebas - a tumbal cidade,

A múmia de um herói do tempo de Ísis,

Ostenta ainda as mesmas cicatrizes

Que eternizaram sua heroicidade!


Quem vê o herói, inda com o braço altivo,

Diz que ele não morreu, diz que ele é vivo,

E, persuadido fica do que diz...


Bem como tu, que nessa crença infinda

Feliz me viste no Passado, e ainda

Te persuades de que sou feliz...
.
.
.
Augusto dos Anjos...

Black & White...


Se

Havana

de relance distingues,

é um paraíso,

um país de verdade.

Sob as palmas,

numa só perna,

flamingos.

Flores

colorem

todo o Vedado.

Em Havana

tudo

é demarcado claramente:

aos brancos - dólares,

aos negros - nada.

Por isso, Willie pára

com a escova à frente

de "Henry Clay & Bock, Limitada".

Em sua vida

Willie

varreu quilos -

só de poeira

todo um vale.

Por isso

é ralo

o cabelo de Willie,

por isso

o ventre de Willie

é um valo.

De alegrias - só um escuro espectro;

seis horas

para tirar uma pestana,

se é que esse

ladrão,

o inspetor da aduana,

não lança de passagem

algum tostão

ao preto.

Como livrar-se de tanto lixo?

Só se

ele andasse

de cabeça para baixo.

Assim

amontoaria mais pó:

os cabelos são mil,

os pés

dois só.

Ao lado

passava

a elegante rua Prado.

Ali retinem,

ali ressoam

quilômetros de jazz.

Parece ao pobre preto

estuporado

que o velho paraíso

em Havana se refaz.

Poucas meandros,

há na sua mente,

poucos renovos,

pouca semente.

Uma coisa

somente

Willie aprendeu,

mais firme

que as pedras

da estátua de Maseo:

"Ao branco,

o ananás maduro,

ao preto,

o podre

- uma só lei.

Ao branco,

trabalho de rei,

ao preto,

trabalho duro".

Poucos problemas o torturam,

mas um

na cabeça

penetra como um prego.

E quabdo esse problema

o crânio lhe perfura,

a escova escorrega

das mãos do negro.

Como por acaso

numa dessas vezes

o rei dos charutos,

Mister Henry Clay,

recebe em sua casa,

mais alvo que uma nuvem,

o rei

de todos os açúcares, sua alvíssima alteza.

O negro

se acercou da mole branca:

"I beg your pardon, Mister Bregg!

Por que

o

açúcar

branco-branco

o negro-negro

tem de fazê-lo?

O charuto preto

não vai bem com seu cabelo,

combina é com o pêlo

negro de um negro.

E se o café

com açúcar

lhe apraz,

por que o sr. mesmo não o faz?"

Tal pergunta

não passou em branco.

O rei

de alvaiade

vira cor de bile.

Voltou-se a majestade

e de um tranco

lançou ambas as luvas

na face de Willie.

Floresciam

em volta

prodígios de botânica.

Bananeiras

teciam

tetos primaveris.

Limpou

o negro

em suas calças brancas

as mãos,

o sangue do nariz.

O negro resfolegou,

apalpou a confusão,

levantou a escova

e se calou.

Como saberia

que com tal questão

deveria dirigir-se

ao Komintern

em Moscou?...
.
.
.
Vladimir Mayakovsky...

28/10 - Superando a Tentação...


Amanhã você lutará contra os maus

hábitos melhor do que hoje?

Por que adicionar os erros de hoje

 aos de ontem?

Você vai ter que se voltar para Deus alguma hora,

então não seria melhor fazê-lo agora?

Apenas entregue-se a Ele e diga:

"Senhor, sendo mau ou bom, eu sou Seu filho.

Você deve cuidar de mim".

Se você continuar tentando, fará progressos.

"Um santo é um pecador que nunca desistiu"...
.
.
.
Paramahansa Yogananda, "Assim Falava Paramahansa Yogananda"...

Indagações a nós mesmos...


Que seremos na casa de nossa fé, em companhia

daqueles que comungam conosco o mesmo ideal

e a mesma esperança?



Uma fonte cristalina ou um charco pestilento?


Um sorriso que ampara ou um soluço que desanima?


Uma abelha laboriosa ou um verme roedor?


Um raio de luz ou uma nuvem de preocupações?


Um ramo de flores ou um galho de espinhos?


Um manancial de bênçãos ou um poço de águas estagnadas?


Um amigo que compreende e perdoa ou um inquisidor

que condena e destrói?


Um auxiliar devotado ou um espectador inoperante?


Um companheiro que estimula as particularidades elogiáveis

do serviço ou um censor contumaz que somente repara

imperfeições e defeitos?


Um pessimista inveterado ou um irmão da alegria?


Um cooperador sincero e abnegado ou um doente espiritual,

entrevado no catre dos preconceitos humanos, que deva ser

transportado em alheios ombros, à feição de problema insolúvel?


Indaguemos de nós mesmos, quanto à nossa atitude na comunidade

a que nos ajustamos, e roguemos ao Senhor para que o vaso de nossa

alma possa refletir-lhe a Divina Luz...
.
.
.
Pelo Espírito Maria Dolores -
Do livro: Relicário de Luz,
Médium: Francisco Cândido Xavier...

Bom Dia...

A noite é uma criança, mais eu não...rsrsrsrs...Fiquem com Deus...Beijos...

Noite...


De noite só quero vestido

o tecido dos teus dedos

e sobre os ombros a franja

do final dos cabelos


Sobre os seios quero

a marca

do sinal dos teus dentes

e a vergasta dos teus

lábios

a doer-me sobre o ventre


Nas pernas e no pescoço

quero a pressão mais

ardente

e da saliva o chicote

da tua língua dormente...
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Maria Teresa Horta...

sábado, 27 de outubro de 2012

Video...Soleado...Moacir Franco....

Poesia...


Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

Mas a poesia desse momento

inunda minha vida inteira...
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Carlos Drummond de Andrade...

Video...El tren que nos separa...

27/10 - Superando a Tentação...



A tentação é um veneno coberto com açúcar;

tem sabor delicioso, mas a morte é certa.

A felicidade que as pessoas procuram neste

mundo não dura muito.

A Alegria Divina é eterna.

Anseie pelo que é duradouro, e seja firme

em rejeitar os impermanentes prazeres desta vida.

Você precisa ser assim.

Não deixe que este mundo o controle.

Nunca se esqueça que o Senhor é a única realidade...

Sua verdadeira felicidade está na sua experiência dEle...
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Paramahansa Yogananda, em "A Eterna Busca do Homem"...

O amor gera forças...


Estão fazendo de tudo,


Pra tirar você de mim.

Mais com nenhuma proposta eu iludo,

Vou lutar até o fim.

O meu amor por você,

É ferrenho, é muito forte.

Essa paixão que eu sinto,não me deixa eu te perder,

Confio em mim, tenho fé em minha sorte...

Deus esta do meu lado,

Sou um cristão com muita fé.

Um homem apaixonado,

Pelo amor dessa mulher...

Por mais brava que seja a fera,

Não consegue vencer o amor.

O amor quando é forte gera,

Forças para o fraco, ser o vencedor...
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São José dos Campos SP

Autor : Odias Pereira

10/06/2011...

Passeando nas curvas do teu corpo...


Quando eu faço amor com você,

Eu viajo e vou nas nuvens.

Quero tudo em você desvendar, e conhecer,

Os prazeres a mais que tu tens.

Quero provar as delícias,

Sentir o cheiro gostoso do teu perfume.

Participar das malícias,

E escutar, você me cobrar com ciúmes.

Deslizar as minhas mãos,

Em tua pele linda e macia.

Pesquizando em teus desconhecidos vãos,

Uma de minhas manias...

E assim eu vou te amando,

Passeando nas vias do teu corpo cheiroso.

E em cada curva eu vou provando,

Esse teu jeitinho gostoso...

Quero em teu corpo os caminhos percorrer,

Conhecer todos os pontos importantes.

Saber os segredos de você,

E nos amar-mos como dois felizes amantes...
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São José dos Campos SP

Autor Odias Pereira

10/06/2011...

Bom Dia...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Canto incivil...


Basta estar vivo

pra ser subversivo.

(Ou subservivo).

Basta não figurar

no registro civil

pra ser incivil.

(Ou vil, pra encurtar a palavra).


Basta ser incivil

pra não ser ninguém.

Basta não ser ninguém

pra ter o apelido

que a polícia dá

a quem não é ninguém.


Tinha eu dois nomes:

Zebedeu,

que a miséria me deu.

E "elemento subversivo"

que a polícia me deu.


E apenas uma dor:

a que a vida me deu.

E eis-me aqui, incivil,

(ou vil, pra encurtar a palavra).


Uma patada de cavalo

em meio do comício

e eis-me aqui, estendido em decúbito

dorsal.


(Ou já cortado ao meio,

sem dor, nem sal)...
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Cassiano Ricardo...

Diário de um brasileiro...


O brasileiro convive bem com o escândalo moral.

Os ladrões infestam os salões de luxo,

os Bancos estouram, os banqueiros

são cumprimentados com reverência,

o Presidente do Congresso chama o senador

de bandido, sim senhor, vossa excelência.


O Presidente diz pela televisão

que "é preciso acabar com a roubalheira

nos dinheiros públicos".

As pessoas das cidades grandes

vivem amedrontadas, qualquer

transeunte pode ser um assaltante.

As meninas cheiram cola. Depois

vão dar o que têm de mais precioso

ao preço de um soco na cara desdentada.


O brasileiro convive com o escândalo

como se fosse o seu pão de cada dia,

com uma indiferença letal.


Como se dormir na casa com um rinoceronte,

mas rinoceronte mesmo,

fosse a coisa mais natural do mundo,

chegando a cheirar a camélias.


O povo, um dia.


Do povo vai depender

a vida que vai viver,

quando um dia merecer.

Vai doer, vai aprender...
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Thiago de Mello...

Acaso...


No acaso da rua o acaso da rapariga loira.

Mas não, não é aquela.


A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.


Perco-me subitamente da visão imediata.

Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,

E a outra rapariga passa.


Que grande vantagem o recordar intransigentemente!

Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,

E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.



Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!

Ao menos escrevem-se versos.

Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,

Se calhar, ou até sem calhar.

Maravilha das celebridades!


Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...

Mas isto era a respeito de uma rapariga,

De uma rapariga loira,

Mas qual delas?

Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,

Numa outra espécie de rua;

E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade,

Numa outra espécie de rua;

Por que todas as recordações são a mesma recordação,

Tudo que foi é a mesma morte,

Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?


Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.

Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?

Pode ser...A rapariga loira?


Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo

também afinal...
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Álvaro de Campos, um dos heterônimos de
Fernando Pessoa...

Quero...


Quero que todos os dias do ano

todos os dias da vida

de meia em meia hora

de 5 em 5 minutos

me digas: Eu te amo.


Ouvindo-te dizer: Eu te amo,

creio, no momento, que sou amado.

No momento anterior

e no seguinte,

como sabê-lo?


Quero que me repitas até a exaustão

que me amas que me amas que me amas.

Do contrário evapora-se a amação

pois ao dizer: Eu te amo,

desmentes

apagas

teu amor por mim.


Exijo de ti o perene comunicado.

Não exijo senão isto,

isto sempre, isto cada vez mais.


Quero ser amado por e em tua palavra

nem sei de outra maneira a não ser esta

de reconhecer o dom amoroso,

a perfeita maneira de saber-se amado:

amor na raiz da palavra

e na sua emissão

amor

saltando da língua nacional,

amor

feito som

vibração espacial.


No momento em que não me dizes:

Eu te amo,

inexoravelmente sei

que deixaste de amar-me,

que nunca me amaste antes.


Se não me disseres urgente repetido

Eu te amoamoamoamoamoamo,

verdade fulminante que acabas de desentranhar,

eu me precipito no caos,

essa coleção de objetos de não-amor...
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Carlos Drummond de Andrade...

Rimo e rimos...


Passarinho parnasiano,

nunca rimo tanto como faz.

Rimo logo ando com quando,

mirando menos com mais.

Rimo, rimo, miras, rimos,

como se todos rimássemos,

como se todos nós ríssemos,

se amar fosse fácil.

Perguntarem por que rimo tanto,

responder que rima é coisa rara.

O raro, rarefeitamente, pára,

como pára, sem raiva, qualquer canto.

Rimar é parar, parar para ver e escutar

remexer lá no fundo do búzio

aquele murmúrio inconcluso,

Pompéia, idéia, Vesúvio,

o mar que só fala do amor.

Vida, coisa pra ser dita,

como é dita esse fado que me mata.

Mal o digo e já meu dito se conflita

com toda a cisma que, maldita, me maltrata...
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Paulo Leminski...