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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Infância...

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.


Minha mãe ficava sentada cosendo.

Meu irmão pequeno dormia

Eu sozinho, menino entre mangueiras

lia história de Robinson Crusoé,

comprida história que não acaba mais.



No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu

a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu

chamava para o café.

café preto que nem a preta velha

café gostoso

café bom



Minha mãe ficava sentada cosendo

olhando para mim:

- Psiu... não corde o menino.

Para o berço onde pousou um mosquito

E dava um suspiro... que fundo !



Lá longe meu pai campeava

no mato sem fim da fazenda.



E eu não sabia que minha história

era mais bonita que a de Robinson Crusoé.



Carlos Drummond de Andrade!

Árvore verde...

Árvore verde,


Meu pensamento

Em ti se perde.

Ver é dormir

Neste momento.

Que bom não ser

'Stando acordado !

Também em mim enverdecer

Em folhas dado !

Tremulamente

Sentir no corpo

Brisa na alma !

Não ser quem sente,

Mas tem a calma.

Eu tinha um sonho

Que me encantava.

Se a manhã vinha,

Como eu a odiava !

Volvia a noite,

E o sonho a mim.

Era o meu lar,

Minha alma afim.

Depois perdi-o.

Lembro ? Quem dera !

Se eu nunca soube

O que ele era.
  
                                                                                                                                                                                                                                            Poesias Inéditas.


Fernando Pessoa!                                                                                                 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Poesias Coligidas ...

Outros terão um lar, quem saiba, amor...


Ah quanta melancolia...

Minha mulher, a solidão...

Por quem foi que me trocaram...

Cai chuva do céu cinzento...

Eu amo tudo o que foi...

As nuvens são sombrias...

Uma maior solidão lentamente se aproxima...

Chove. Que fiz eu da vida? Fiz o que ela fez de mim...

A Lua (dizem os ingleses) é feita de queijo verde...

Eu tenho idéias e razões...

Aquele peso em mim...

Basta pensar em sentir para sentir em pensar...

Como nuvens pelo céu passam os sonhos por mim...

Minhas mesmas emoções...

Que suave é o ar! Como parece que tudo...

Tenho esperança? Não tenho...

Como é por dentro outra pessoa...

A ciência, a ciência. a ciência...

Tudo quanto penso, tudo quanto sou...




Fernando Pessoa!