Pesquisar este blog

Meus Vídeos...

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Na manhã do milênio...



De que valeu o assombro indignado

e esta perseverança que me acende

em pleno dia a estrela que me guia,

seguro do meu chão e do meu sonho?

De que valeram todos os prodígios

da ciência mergulhando nas funduras

mais escuras da terra e dominar

jamais imaginadas vastidões

para encontrar a luz fossilizada?

Do que valeu meu passo peregrino

pelo tempo, meu grito solidário,

a entrega ardente, o castigo injusto,

o viver afastado do meu povo,

só porque desfraldei em plena praça

a bandeira do amor? Do que valeu

se hoje, manhã deste milênio novo,

avança, imensa e escura bem na fronte

a marca suja da miséria humana,

gravada em cinza pela indiferença

dos que pretendem donos ser da vida,

avança escura uma legião de crianças

deserdadas do amor e todavia

capazes de sorrir: maior milagre

do século perverso que findou?

De que valeram todas as palavras

que proferi na trova da esperança?

Tão pouco, talvez nada. Não consola

saber que fiz, que fiz a minha parte,

que reparti com tantos o diamante,

que olhei o sol de frente e não fugi

(nem do meu próprio medo).

De consolo não cuido. Pois valeu.

Que tudo vale a pena quando a alma

não é pequena.*

Não sei o tamanho

da minha alma. Só sei que vou varando

o fim do rio, já posso discernir

a margem que me chama. Mas obstinado

confiante sigo no poder distante

da estrela alucinante. Que destino

de estrela é o de brilhar.

E mesmo extinta

brilhante permanece sobre o mundo...
.
.
.
Thiago de Mello...

Nenhum comentário:

Postar um comentário