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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Distância...


Entro no teu quarto, como se

entrasse no mar. Um temporal de perguntas

enrola os teus cabelos. Lanças-te

contra as ondas de um sonho antigo,

e abres a porta da varanda

para te sentares à cadeira

do oriente, apanhando o vento

da tarde. «Não te levantes, digo,

e deixa que os teus olhos se libertem

de sombra, depois de uma noite

de amor, para me abrigarem

da luz estéril da madrugada.» Mudas

de posição, como se me tivesses

ouvido; e o teu corpo enche-se

de palavras, como se fosses

a taça da estrofe...
.
.
.
Nuno Júdice...

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