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domingo, 8 de julho de 2012

Seus Olhos...



Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, de vivo luzir,

Estrelas incertas, que as águas dormentes do mar vão ferir;

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, têm meiga expressão,

Mais doce que a brisa, mais doce que o nauta de noite cantando,

Mais doce que a flauta quebrando a solidão.


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, de vivo luzir,

São meigos infantes, gentis, engraçados brincando a sorrir.

São meigos infantes, brincando, saltando em jogo infantil.

Inquietos, travessos; — causando tormento,

Com beijos nos pagam a dor de um momento,

Com modo gentil.


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, assim é que são;

Às vezes luzindo, serenos, tranqüilos, às vezes vulcão!

Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco, tão frouxo brilhar,

Que a mim me parece que o ar lhes falece,

E os olhos tão meigos, que o pranto umedece

Me fazem chorar.


Assim lindo infante, que dorme tranqüilo, desperta a chorar;

E mudo e sisudo, cismando mil coisas, não pensa — a pensar.

Nas almas tão puras da virgem, do infante, às vezes do céu

Cai doce harmonia duma harpa celeste,

Um vago desejo; e a mente se veste

De pranto com um véu.


Quer sejam saudades, quer sejam desejos da pátria melhor;

Eu amo seus olhos que choram em causa um pranto sem dor.

Eu amo seus olhos tão negros, tão puros, de vivo fulgor;

Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,

Que falam de amores com tanta poesia, com tanto pudor.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, assim é que são;

Eu amo esses olhos que falam de amores

Com tanta paixão...
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Gonçalves Dias...

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