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domingo, 8 de julho de 2012

Ser ou não ser de ninguém?...



Eis a questão da geração tribalista...


Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços,

sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é

meu também".

No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos

descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos

consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo

para reclamar de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Beijar na boca é bom?

Claro que é!

Manter-se sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal?

Evidente que sim.

Mas por que reclamam depois?

Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio,

de que "toda ação tem uma reação"?

Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida.

Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua,

namorar e não ser de ninguém.

Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão

além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia

seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com

a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.

Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram.

Ficar também é coisa do passado.

A palavra de ordem hoje é "namorix".

A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo.

Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do

outro e de cultivar a ilusão de que não está sozinho.

Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada.

Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que

nada aconteceu - afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se

estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança?

A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais.

Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga apenas o lado

negativo das relações mais sólidas.

Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia

chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto

abraçado roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade,

carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças.

É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite,

ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor,

ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para

enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.

Já dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade que

"amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos

na lição que nos foi transmitida nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão.

O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio confirmar

essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo)

vendem (na maioria das vezes) a idéia de que casar é um péssimo negócio e que

uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras.

Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição.

No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram.

Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a

"comer sal junto até morrer".

Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente

aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis

por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam.

A questão não é causal, mas quem sabe correlacional.

Podemos aprender amar se relacionando.

Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações.

Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados.

Somos livres para optar.

E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém.

É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...

É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade.

É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida

possam aparecer.

É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.


Ser de todo mundo, não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também...

É não ser livre para trocar e crescer...

É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão..
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Mônica Montone...

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