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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Nu...


Quando estás vestida,

Ninguém imagina

Os mundos que escondes

Sob as tuas roupas.

(Assim, quando é dia,

Não temos noção

Dos astros que luzem

No profundo céu.

Mas a noite é nua,

E, nua na noite,

Palpitam teus mundos

E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,

Brilha o teu umbigo,

Brilha toda a tua

Lira abdominal.

Teus exíguos

— Como na rijeza

Do tronco robusto

Dois frutos pequenos —

Brilham.) Ah, teus seios!

Teus duros mamilos!

Teu dorso! Teus flancos!

Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos

Ficam nus também:

Teu olhar, mais longe,

Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,

Bóio, nado, salto

Baixo num mergulho

Perpendicular.

Baixo até o mais fundo

De teu ser, lá onde

Me sorri tu’alma

Nua, nua, nua…
.
.
.
Manuel Bandeira...

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