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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Minuano...


Este vento faz pensar no campo, meus amigos,

Este vento vem de longe, vem do pampa e do céu.


Olá compadre, levante a poeira em corrupios,

Assobia e zune encanado na aba do chapéu.


Curvo, o chorão arrepia a grenha fofa,

Giram na dança de roda as folhas mortas

Chaminés botam fumaça horizontal ao sopro louro

E a vaia fina fura a frincha das portas.


Olá compadre, mais alto, mais alto!


As ondas roxas do rio rolando a espuma
Batem nas pedras da praia o tapa claro...

Esfarrapadas, nuvens nuvens galopeiam

No céu gelado, altura azul.


Este vento macho é um batismo de orgulho.

Quando passa lava a cara, enfuna o peito,

Varre a cidade onde eu nasci sobre a coxilha.


Não sou daqui, sou lá de fora...

Ouço o meu grito gritar na voz do vento:

- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!


Comedor de horizontes,

Meu compadre andarengo, entra!


Que bem me fez o teu galope de três dias

Quando se atufa zunindo na noite gelada...

Ó mano

Minuano

Upa upa

Na garupa!


Casuarinas cinamonos pinhais

Largo lamento gemido intenso, vento!

Minha infância tem a voz do vento virgem:

Ele ventava sobre o rancho onde morei.


Todas as vozes numa voz, todas as dores numa dor,

Todas as raivas na raiva do meu vento!

Que bem me faz! mais alto, compadre!

Derrube a casa!me leva junto!eu quero o longe!

Não sou daqui, sou lá de fora, ouve o meu grito!


Eu sou o irmão das solidões sem sentido...

Upa upa sobre o pampa e sobre o mar....
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Augusto Meyer...

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