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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Erro...


Erro é teu. amei-te um dia

com esse amor passageiro

que nasce na fantasia

e não chega ao coração;

não foi amor, foi apenas

uma ligeira impressão;

um querer indiferente,

em tua presença, vivo,

morto, se estavas ausente;

e, se ora me vês esquivo,

se, como outrora, não vês

meus incensos de poeta

ir eu queimar a teus pés

é que — como obra de um dia,

passou-me esta fantasia.

para eu amar-te, devias

outra ser e não como eras.

tuas frívolas quimeras,

teu vão amor de ti mesma.

essa pêndula gelada

que chamavas coração,

eram bem fracos liames

para que a alma enamorada

me conseguissem prender;

foram baldados tentames,

saiu contra ti o azar,

e, embora pouca, perdeste

a glória de me arrastar

ao teu carro… vãs quimeras!

para eu amar-te devias

outra ser e não como eras…
.
.
.
Machado de Assis...

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