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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Balada...


(em memória do poeta suicida)


Não conseguiu firmar o nobre pacto

Entre o cosmos sangrento e a alma pura.

Porém, não se dobrou perante o facto

Da vitória do caos sobre a vontade

Augusta de ordenar a criatura

Ao menos: luz ao sol da tempestade.

Gladiador defunto mas intacto

(Tanta violência, mas tanta ternura).


Jogou-se contra um mar de sofrimentos

Não para pôr-lhes fim, Hamlet, e sim

Para afirmar-se além de seus tormentos

De monstros cegos contra um só delfim,

Frágil porém vidente, morto ao som

De vagas de verdade e de loucura.

Bateu-se delicado e fino, com

Tanta violência , mas tanta ternura!


Cruel foi teu triunfo, torpe mar

Celebrara-te tanto, te adorava

Do fundo atroz à superfície, altar

De seus deuses solares - tanto amava

Teu dorso cavalgado de tortura!

Com que fervor enfim te penetrou

No mergulho fatal com que mostrou

Tanta violência, mas tanta ternura!


Envoi


Senhor, que perdão tem o meu amigo

Por tão clara aventura, mas tão dura?

Não está mais comigo. Nem com Tigo:

Tanta violência. Mas tanta ternura....
.
.
.
Mario Faustino...

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